Falando sobre a importância de se discutir o tema na atualidade, o escritor ressaltou como a escravidão reflete em nossos índices sociais até hoje.
A convite do Centro de Estudos da ANAFE, o jornalista, escritor e autor da trilogia ‘Escravidão’, Laurentino Gomes, proferiu palestra sobre a temática de sua obra na noite da última terça-feira (26), no instagram da Entidade @anafenacional. A conversa foi mediada pelo Presidente da Associação, Lademir Gomes da Rocha.
De acordo com Laurentino Gomes, estudar História ajuda a entender o Brasil de hoje. Uma sociedade que não estuda História não consegue entender a si própria, porque desconhece as razões que a trouxeram até aqui. “A história ajuda a construir a nossa identidade. É só olhando para o passado, que nós conseguimos entender o que nós somos hoje.”
Laurentino destacou que vivemos um momento em que “os brasileiros começam a se perguntar a respeito de si próprios. Quem nós somos? Como nós chegamos até aqui? Qual foi o caminho percorrido? Quais foram os desafios do passado? Os brasileiros que nos precederam, onde eles foram bem-sucedidos e onde eles fracassaram? Quais os passivos históricos que nós acumulamos ao longo desses cinco séculos?”.
“Dentre os grandes temas sobre os quais o Brasil vem refletindo, a escravidão desponta, hoje, com muita força e é por isso que eu estou escrevendo esses três livros”, afirmou o autor. Laurentino destacou que “a escravidão não é apenas assunto de livro de história e sim uma realidade concreta na paisagem brasileira hoje” e que o Brasil ainda não enfrentou adequadamente o legado da escravidão, o qual tem relação com a nossa identidade nacional. “Nenhum grande evento da história do Brasil consegue ser explicado sem entender a nossa história escravista”, lembrou.
Laurentino traçou um panorama geral sobre a história da escravidão e lembrou que o Brasil foi o maior território escravista do hemisfério ocidental durante quase três séculos e meio: sozinho, o país recebeu quase 5 milhões de africanos cativos, 40% do total de 12,5 milhões embarcados para a América em cerca de 35 mil navios negreiros.
Conforme o autor, o legado da escravidão é visto principalmente nas estatísticas, que demonstram um abismo entre os indicadores sociais, porque “o Brasil acabou formalmente com a escravidão, mas não enfrentou o legado da escravidão, como defendiam os nossos abolicionistas do século XIX. Ao contrário, o Brasil abandonou à própria sorte a população afrodescendente brasileira. Não deu terra, não deu moradia, não deu educação, não ajudou a promovê-los à condição de cidadãos brasileiros, com direitos e deveres”.
O racismo estrutural brasileiro é herança da ideologia escravista, que defende a inferioridade do negro, da forma como construída pelos europeus. Laurentino Gomes lembrou que o Brasil é um país profundamente racista e que “o principal traço do racismo brasileiro é ser silencioso e cúmplice, que aceita o legado da escravidão como uma coisa razoável no Brasil, esse país de desigualdades absurdas e inaceitáveis”.
O Presidente da ANAFE, Lademir Rocha, lembrou que todo olhar para o passado é um olhar visto do presente e isso dá possibilidades interpretativas para o passado. Mas “o que nós não podemos fazer é abraçar o revisionismo, a mentira histórica.”
O dirigente agradeceu a disponibilidade do autor e o convidou para novas participações em eventos do Centro de Estudos da Anafe. A palestra foi muito elogiada pelas quase duzentas pessoas que a acompanharam até o final.
SORTEIO
A ANAFE sorteará 10 exemplares do segundo volume da trilogia Escravidão, que será lançada no dia 22 de junho de 2021. As inscrições foram abertas durante a live e seguem até o dia 10 de junho. O sorteio será realizado no dia seguinte ao término do prazo. Os associados adimplentes interessados em participar devem se inscrever enviando e-mail atendimento@anafenacional.org.br com o assunto: “Sorteio Livro Laurentino”. A mensagem deve conter nome completo e telefone para contato.
Confira a live completa no YouTube:
O evento também está disponível pelo perfil da Anafe no Instagram: @anafenacional
