O mês de maio marca duas datas importantes para o Brasil: o Dia da Abolição da Escravatura (13) e os 73 anos da criação do Conselho Nacional de Mulheres Negras (18). A convite da Comissão de Diversidade da Associação Nacional dos Advogados Públicos Federais (ANAFE), a Procuradora Federal e associada, Manuellita Hermes, relembrou a memória do país e reforçou a importância de implementar projetos de reforço e integração das pessoas negras.
“Sabemos que após mais de 130 da abolição formal da escravidão, temos que conscientizar as agruras desse passado agrícola e colonial com uma sociedade que não aprendeu a lição de pavimentar um caminho de igualdade material para as pessoas negras”, afirma. Para ela, a abolição foi consumada sem um projeto de inserção dos ex-escravos, que foram lançados a própria sorte, sem direitos fundamentais. “A sociedade brasileira não soube lidar, de forma satisfatória, com os efeitos desse sistema que nos atravessa até hoje.”
Durante sua apresentação, a procuradora relembrou o nome de Luiz Gama, considerado por ela um verdadeiro abolicionista. Vendido pelo próprio pai para traficantes aos 10 anos de idade, foi recusado como escravo por ser baiano. Mais tarde, rompendo barreiras, foi alfabetizado, aprendeu a teoria e a prática jurídica e usou disso para liberar escravizados. “Ele pensou o Brasil e a realidade. Declarou a liberdade e conseguiu transformá-la”, pontua.
Já o Conselho Nacional das Mulheres Negras, criado em 1950, é considerado um marco do feminismo negro no Brasil. “Ele pautou a defesa das condições de trabalho das mulheres negras, muitas vezes associado a trabalhos domésticos. O conselho antecedeu o movimento feminista negro e foi fruto da articulação do teatro experimental, reforçando a necessidade da participação das mulheres negras na sociedade”, finaliza.
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