No mês da conscientização da saúde mental e bem-estar emocional – a campanha Janeiro Branco, a Associação Nacional dos Advogados Públicos Federais (ANAFE) promoveu a live com objetivo de debater a saúde mental e emocional do trabalhador. O evento on-line foi transmitido nessa quinta-feira (20), no canal do TV ANAFE, no YouTube. A íntegra do debate está disponível em: https://bit.ly/32fQhQi.
A transmissão contou com a presença do Procurador Federal Davi Cavalieri e os mediadores Fátima Mendes, Diretora de Aposentados e Pensionistas da ANAFE, e Ricardo Barroso, Diretor de Prerrogativas da ANAFE.
Cavalieri parabenizou a ANAFE pelo empenho em promover o debate e a defesa da saúde mental dos Advogados Públicos Federais. “Estamos vivendo um momento pandêmico por causa da Covid-19, mas o adoecimento mental também é uma questão pandêmica. Em 2009, a Organização Mundial da Saúde (OMS) previu que, até 2030, a depressão seria a doença mais comum do mundo. E isso está acelerando muito, porque os transtornos mentais são um efeito colateral da Covid-19.” Ele também explicou que o prejuízo do afastamento dos profissionais por questões de saúde mental atinge a casa dos bilhões em perda de produtividade. “O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial no diagnóstico da Síndrome Burnout”.
O Procurador Federal é autor do artigo “O Absenteísmo por Adoecimento Psíquico na Procuradoria-Geral Federal”, que apresenta dados de um levantamento sobre o assunto entre 2016 e 2018. Neste período, 264 servidores estiveram licenciados de suas atividades, totalizando 13.392 dias de afastamento. Entre os motivos encontrados na pesquisa para se ausentarem foram volume excessivo de trabalho, ausência de carreira de apoio, sentimento de injustiça e ausência de empatia dos gestores. “Os dados mostram que os transtornos mentais são a principal causa de afastamento de saúde na Procuradoria-Geral Federal e a situação é muito grave”, alerta.
“Não temos hoje uma métrica para identificar objetivamente se a jornada de trabalho é exaustiva ou não. Assim, aquele que levanta a mão e afirma sobre sua exaustão é considerado um fraco”, exemplificou Ricardo Barroso. E apresenta um caminho para sanar a questão. “Precisamos criar uma condição para equilibrar essa força de trabalho para colocá-la em um patamar razoável”.
* Nesse sentido, a ANAFE possui programas de atenção à saúde mental dos membros da AGU (clique aqui para saber mais) e o Projeto Jornadas Exaustivas (clique aqui para saber mais).
Fátima Mendes comentou sobre a importância do tema, em especial no atual contexto da pandemia, que se tornou mais propício para o adoecimento em razão de fatores como o isolamento e o excesso de trabalho. Ela apresentou uma pesquisa voluntária realizada com apoio da ANAFE que identificou um perfil preocupante daqueles que pedem licença médica. “Os colegas mais preocupados com produtividade, com a qualidade do trabalho. Por outro lado, não vemos por parte da gestão uma empatia com o colega, um olhar diferenciado para entender que ele faz o máximo que ele pode”.
CONVIDADO
Davi Valdetaro Gomes Cavalieri é Procurador Federal. Especialista em Direito Público, e Mestrando em Desenvolvimento no Estado Democrático de Direito pela USP Ribeirão Preto. Palestrante e Autor de obras jurídicas sobre temas como Compliance, Saúde Mental no Trabalho, Proteção de Dados Pessoais, entre outros. Autor do artigo “O Absenteísmo por Adoecimento Psíquico na Procuradoria-Geral Federal”, apresentado presencialmente no EnAJUS 2021, realizado em Lisboa – Portugal.