Iniciativa pioneira promoveu a imersão de estudantes negros e quilombolas no universo jurídico, com foco em diversidade e equidade
A ANAFE participou, na última sexta-feira (9), da cerimônia de encerramento do Programa Vivências SAJ: o Jurídico para Equidade e Diversidade, realizada no Palácio do Planalto. A iniciativa é promovida pela Secretaria Especial para Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência da República (SAJ), em parceria com o Ministério da Igualdade Racial (MIR), e contou com o apoio institucional da ANAFE.
Representaram a entidade na ocasião a Diretora de Assuntos Institucionais, Renata Azevedo, a Diretora Jurídica Adjunta, Amanda Geracy, e o Coordenador da Carreira de Procurador Federal, Denilton Carvalho.
A primeira edição do programa selecionou 20 estudantes negros ou quilombolas do curso de Direito, a partir do 8º período, para uma semana de imersão em Brasília, com visitas a instituições dos Três Poderes e oficinas sobre elaboração normativa e políticas públicas de combate ao racismo.
Durante o evento, o Secretário Especial de Assuntos Jurídicos, Marcos Rogério, agradeceu o apoio da ANAFE e ressaltou a importância do engajamento coletivo para a realização do projeto. Ele destacou a sensibilidade institucional da associação ao apoiar a iniciativa desde o início, contribuindo para que ela se tornasse realidade.
Na sequência, uma dinâmica emocionante marcou a cerimônia: os estudantes foram convidados a compartilhar, o que a experiência significou para cada um deles. Termos como “esperança”, “pertencimento” e “futuro” ecoaram pelo auditório, revelando a profundidade da vivência e o impacto gerado pelo programa.
Dentre os depoimentos dos estudantes que participaram do programa, Graziele Aparecida de Jesus, aluna do décimo período de Direito na PUC Minas e integrante de uma comunidade quilombola no Vale do Jequitinhonha (MG), compartilhou como a distância social e geográfica pode afastar jovens como ela de oportunidades como essa.
Graziele explicou que sua vivência em uma comunidade quilombola marcada por desigualdades e violações de direitos, onde muitas pessoas trabalharam no garimpo, inspirou sua escolha pelo curso de Direito. Seu objetivo é atuar com assistência jurídica popular, ajudando sua comunidade a se reconhecer como sujeito de direitos e a acessá-los plenamente.
A Assessora Especial de Diversidade e Inclusão da AGU e associada à ANAFE, Cláudia Trindade, enfatizou o compromisso da Advocacia Pública com a transformação social. Ela afirmou que a atuação antirracista deve ser uma obrigação pública e constitucional, e reconheceu o esforço coletivo dos bastidores que tornou o projeto possível.
A Coordenadora-Geral do Centro de Estudos Jurídicos da Presidência da República, Fernanda Rodrigues Saldanha de Azevedo, destacou a dedicação da equipe envolvida no programa. Ela afirmou que o Vivências SAJ foi pensado e executado com muito cuidado e emoção, e que a primeira edição marca apenas o início de uma jornada contínua de inclusão e transformação.
Representando a ANAFE, Renata Azevedo reforçou o compromisso da entidade com a equidade e a valorização da diversidade no serviço público. Segundo ela, a defesa do interesse público está necessariamente vinculada à promoção do Estado Democrático de Direito e da justiça social.
“A ANAFE entende que não há espaço para retrocessos quando falamos de inclusão e representatividade. Projetos como o Vivências SAJ são fundamentais para aproximar talentos diversos das estruturas de poder e garantir que essas vozes também estejam presentes nos processos decisórios. É uma honra para a nossa Associação contribuir com essa transformação”, afirmou.
O Procurador Federal e dirigente da ANAFE, Denilton Carvalho, compartilhou sua trajetória como inspiração para os jovens participantes. Ele destacou a importância de acreditar nos próprios sonhos e afirmou que é possível alcançar posições de liderança, mesmo partindo de contextos desafiadores.
Os depoimentos dos estudantes que participaram da semana emocionaram os presentes, revelando o impacto transformador do programa. A vivência reforçou a importância de políticas afirmativas e da construção de espaços mais inclusivos e plurais no serviço público.