No Dia Mundial da Saúde, celebrado em 7 de abril, o Centro de Estudos da ANAFE realizou a Live “Epidemiologia e SUS: um diálogo em tempos de pandemia”, com a médica epidemiologista e pesquisadora da FIOCRUZ-Pernambuco Maria de Fatima Militão de Albuquerque. Na ocasião, foi destacado o papel do Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente em tempos de pandemia.
A médica, que atua no SUS desde a década de 1970 e esteve envolvida na Reforma Sanitária, a qual abriu caminho para a criação do SUS em 1990, destacou que o Sistema está muito em evidência por ser o responsável exclusivo por 76% da saúde da população brasileira. “O sistema não se resume à prestação de assistência médica. É uma política de inclusão. Ele tem um papel de diminuir as desigualdades, garantindo o acesso universal com mais de 40 mil Unidades Básicas de Saúde (UBS) espalhadas por todo o País”, afirmou. “Além disso, o SUS se guia pelos princípios da universalidade e da integralidade, oferecendo desde as prestações de saúde mais básicas até às mais sofisticadas, como o transplante de órgãos, totalmente realizado pelo sistema.”
Dando como exemplo a atuação do SUS na campanha contra o tabagismo, que atualmente acomete apenas 10% dos brasileiros, a médica afirmou que o SUS cumpre seu papel com excelência. “Em 2009, tivemos sucesso na atuação de enfrentamento à pandemia de H1N1, por exemplo. Em 2015, tivemos sucesso na campanha contra o vírus Zika”.
PANDEMIA
A respeito do agravamento da Pandemia de Covid-19, especialmente no Brasil, a médica avaliou que os problemas aconteceram por uma falta de integração entre os entes federados. “Neste momento, temos que destacar que houve falhas que se devem, principalmente, à quebra da articulação entre os entes federados, o Governo Federal, os Estados e os Municípios. Isso gerou uma fragmentação da resposta do SUS. Faltaram parâmetros a serem seguidos. Além disso, falhamos também porque não privilegiamos a vigilância epidemiológica na detecção dos casos, no rastreamento, no isolamento dos infectados”, explicou.
A coordenadora do Centro de Estudos da ANAFE e mediadora do evento, Cynthia Araújo, lembrou que o SUS é uma referência de vacinação para o mundo. “Isso não surgiu agora. O Brasil é um país que vacina e controla doenças e epidemias importantes há mais de 100 anos”.
A Dra. Fátima Militão também falou sobre a cultura de vacinação no País: “No Brasil, uma pesquisa apontou que 85% da população tem a intenção de se vacinar. É um número que se destaca diante dos números dos Estados Unidos e da Europa. Isso se deve também ao fato de que a nossa população é acostumada com o Plano Nacional de Imunização. Temos o exemplo da campanha do Zé Gotinha, da poliomielite, que conseguiu imunizar milhões de crianças”, lembrou.
Também se destacou que a imunização precisa acontecer de forma mais célere e igualitária entre os países, porque, no contexto da pandemia, “ou todos estão seguros ou ninguém está seguro”.
SAÚDE PÚBLICA
Em sua fala, a médica explicou de forma detalhada como funciona a Epidemiologia dentro do SUS. Segundo ela, seu papel é fornecer evidências cientificas tanto para o cuidado individual, quanto para os gestores de saúde e, assim, subsidiar as políticas públicas.
Além desses assuntos, Fátima também falou sobre o projeto que está coordenando na Fiocruz sobre “Avaliação dos riscos de profissionais de saúde que cuidam de pessoas com Covid-19”.
ASSISTA
Para quem não pôde assistir ou quer rever a conversa, o link está disponível no Canal TV ANAFE, no Youtube. Assista: