“Como uma associação plural, direcionamos nosso trabalho para oferecer aos procuradores e procuradoras, as melhores perspectivas possíveis”, afirmou Sérgio Montardo, presidente da ANAFE. Discurso foi feito durante a celebração do aniversário da carreira de Procurador do Banco Central. Evento ocorreu na quinta-feira (23), na sede da associação
A Associação Nacional dos Advogados Públicos Federais (ANAFE) recebeu, nessa quinta-feira (23), convidados em sua sede para celebrar o aniversário da carreira de Procurador do Banco Central. O evento seleto contou presenças como Tânia Nigri, Procuradora do Banco Central, especialista e mestre em Direito Econômico, Erasto Filho, Procurador-Geral Adjunto do Banco Central e o economista André Lara, um dos responsáveis pela elaboração do Plano Real, que discutiram temas como a história e atuação da profissão e políticas monetárias.
“A ANAFE inicia a comemoração destinada a essa carreira que tanto nos honra. Como uma associação plural, direcionamos nosso trabalho para abrigar os anseios e perspectivas para oferecer à atuação dos colegas a melhor perspectiva possível”, afirmou Sérgio Montardo, presidente da associação, durante a abertura do evento. Quem também fez saudações e relembrou o começo da carreira foi o Procurador-Geral do Banco Central, Cristiano Cozer.
A Coordenadora da Carreira de Procurador do Banco Central da ANAFE, Conceição Campos Silva, explicou que o evento é especial. “Proporcionamos aos nossos colegas um momento de interação, troca de informações, confraternização e aprendizado baseado nas experiências vivenciadas ao longo da nossa carreira. A atuação da Procuradoria-Geral do Banco Central se traduz num legado inestimável e debater sobre política monetária muito nos instiga”.
A PROCURADORIA-GERAL DO BANCO CENTRAL
Com muito humor, a Procuradora do Banco Central, especialista e mestre em direito econômico, Tânia Nigri, relembrou o início de sua carreira, as dificuldades e as tantas conquistas. “Esse papel é de grande relevância na minha vida. Os amigos que fiz são como familiares. Estou aqui há 30 anos e vi o banco se modificar, ser respeitado. Genuinamente, é uma honra atuar no Banco Central”, celebrou.
Também presente no debate, o Procurador-Geral Adjunto do Banco Central, Erasto Filho, afirmou que quando ele e seu grupo tomaram posse, vivia-se uma crise de constitucionalidade. “Vivemos todas as mudanças, da máquina de datilografia à máquina com corretor ortográfico”, brincou. “Passamos muito tempo, no início da carreira, sendo chamados de ´fraldinhas’ e participando de movimentos legítimos para melhorar nossa situação salarial”.
POLÍTICA MONETÁRIA: “O ESTADO DA ARTE”
Principal tema da noite, a política monetária foi discutida com a presença do economista André Lara e dos debatedores Daniel Menezes, Procurador da Fazenda Nacional e Diretor Jurídico da ANAFE, e Rafael Vasconcelos, também Procurador e Diretor de Supervisão do Conselho de Controle de Atividades Financeiras do Banco Central (COAF).
Lara iniciou o seu discurso agradecendo o convite e relembrou a crise financeira de 2018, afirmando que a inflação está de volta e coincide com a inexistência de um quadro de consenso para a formulação de políticas para combatê-la. “A sociedade possui comportamentos que estão em constante mudança. Por esse motivo, as teorias sociais precisam ser regularmente revistas. Em momentos de ruptura, essas revisões são mais importantes que algumas adaptações, como é o caso que vivemos hoje.” Durante sua fala, o economista falou sobre as políticas monetárias dos bancos centrais no mundo todo, com foco nos Estados Unidos e no Brasil.
“Nunca tivemos bancos centrais tão poderosos”, completou. Para o especialista, é preciso rever a política monetária, com foco em pontos como: moeda é uma dívida pública, um compromisso passivo do governo; o Banco Central controla a taxa básica de juros, que incentiva toda a economia; o que expande a moeda na economia é a decisão dos bancos comerciais, que possuem acesso ao Banco Central; a inflação não é um fenômeno único e não pode ser combatida com regras mecânicas; e, por fim, existem algumas decisões que não podem ser delegadas para “poderes não eleitos”, pois tal medida pode sabotar a dinâmica da democracia. “Teoria monetária é principalmente arte. Uma questão de consenso e política. É uma percepção de entendimento do mercado econômico, mas sobretudo uma avaliação da sociedade e de quais políticas adotar”, finalizou o convidado.
Um dos debatedores do painel, Rafael Vasconcelos comentou sobre a honra de ouvir Lara falar. “Ter convivido com todos os processos do Banco Central é, sobretudo, uma aula de humildade. Estar nesta carreira é encontrar, pela riqueza da interação entre duas disciplinas intelectuais, o direito e a economia, um aprendizado mútuo.”
“Ler a obra do professor André me fez repensar sobre temas que me incomodavam e que eu não possuía bagagem para questionar. Desde o momento que entramos na AGU, passamos a ser doutrinados num discurso que o nosso papel é arrecadar recursos para que o Estado apresente políticas públicas. Após a leitura, entendo que talvez o problema não seja não gastar, mas gastar corretamente”, pontuou Daniel Menezes.
Ao final da discussão, os presentes abriram o painel para perguntas e respostas.
COQUETEL
Encerrados os painéis, teve início o coquetel para homenagear os Procuradores e Procuradoras do Banco Central e promover a integração dos Advogados Públicos Federal. A Coordenadora da Carreira de Procurador do Banco Central da ANAFE, Conceição Campos Silva, destacou sua alegria em receber as amigas e amigos na associação, que é a casa de todos. “Nossa carreira sempre foi muito unida. Como vimos na conversa sobre a história da Procuradoria, que se confunde com a história de muitos de nós. Agradeço a participação de vocês e contem sempre conosco”, afirmou.
Assista o evento completo: