A Associação Nacional dos Advogados Públicos Federais (ANAFE) promoveu, na última quinta-feira (4), a live “Análise crítica da escravização na África e no Brasil”. O evento foi transmitido ao vivo na TV ANAFE, no YouTube, sob a mediação da representante estadual em Minas Gerais, Fernanda Marques, e do coordenador do Centro de Estudos, Marcelo Kokke.
Entre os temas abordados esteve a padronização dos traços históricos e culturais africanos, ignorando sua diversidade desde o tempo da escravidão e como essa imagem incorreta impactou no processo de construção das relações sociais e na sociedade ao longo da história de escravizados e escravizadores.
Fernanda comentou sobre seu interesse pelo tema. “É uma matéria que me fascina bastante e, por mais que se estude, nunca será o suficiente porque a cultura africana é uma cultura muito rica”, disse. “Os povos africanos foram muito devastados, em especial, pela escravidão. Então, muito conhecimento, muita tecnologia, foram destruídos por este aspecto histórico. E é preciso resgatar esses conhecimentos e essa cultura para poder resgatar a nossa própria história brasileira”, completou.
Para falar sobre o assunto, foi convidado o professor Marcos Leitão de Almeida, doutor em História Africana pela Northwestern University, onde também ganhou o prêmio Harold Perkin para a Melhor Dissertação no Departamento de História. Especialista no assunto, Marcos compartilhou seu conhecimento sobre como a percepção distorcida sobre os povos africanos influenciou na construção da identidade do povo brasileiro. “O modelo escravocrata no Brasil foi fundamental para construir a desigualdade social e o racismo. Em contrapartida, diante da violência a que foram submetidos, a cultura aparece como uma prática resiliente”, comentou.
Kokke reforçou que a temática será abordada durante todo o mês de maio. “O assunto vai marcar todo o mês de maio e é de extrema importância. Ainda existe o entendimento eurocêntrico de que só na Europa há diversidade e que na África há uma unidade de culturas, identidades e línguas, o que não é nem de longe verdade”, comentou.
CONVIDADO
Marcos Leitão de Almeida – Graduado em História, Especialista em História do Brasil, Mestre em História pela UNICAMP, Mestrado em História pela Northwestern, Doutorado em História pela Northwestern University, Pós-Doutor pela Northwestern, Pós-Doutorado pela UNICAMP, Pós-Doutorado pela University of Michigan, Pós-Doutorado pela Harvard University.
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