Especialistas apresentaram conceito da ferramenta e o impacto no trabalho do Direito e da Advocacia Pública no evento on-line
O ChatGPT e suas aplicações são um dos assuntos mais comentados do momento, mas muitos ainda não compreendem o que é, tão pouco quais são suas funcionalidades. Para debater o assunto, a Associação Nacional dos Advogados Públicos Federais (ANAFE) promoveu, nesta quinta-feira (16), a live “Algoritmo de inteligência artificial GPT” na TV ANAFE, do YouTube.
O evento on-line, coordenado pelo Diretor Jurídico da ANAFE, o Procurador da Fazenda Nacional Daniel Menezes, contou com a presença da Procuradora da Fazenda Nacional, Adriana Reis de Albuquerque, do Procurador da Fazenda Nacional, Aldemario Araújo de Castro, e do Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Herli Joaquim de Menezes.
O ChatGPT é um sistema baseado em inteligência artificial que permite conversar com um robô em um formato de chat em texto: a pessoa envia uma mensagem e ele responde. A ferramenta ficou famosa devido à qualidade da sua escrita, que parece feita por um humano. Ela é abastecida com dados de bilhões de textos extraídos da internet e de livros e usa essas informações para formular o conteúdo que escreve.
O professor Herli Menezes apresentou os conceitos importantes para entender as questões técnicas de tecnologia que geraram a ferramenta de inteligência artificial. Ele explicou em detalhes como o ChatGPT foi construído e como funciona para disponibilizar tanto conteúdo e com tanta assertividade. “Entre os diversos desafios que essa tecnologia apresenta é que a grande maioria dos dados são em inglês, há um monopólio e vamos ter que lidar com isso. Ainda assim, por mais avançado e robusto que seja, a condição humana é o que prevalece”, comentou.
Adriana Reis de Albuquerque, Procuradora da Fazenda Nacional, é entusiasta do tema e defendeu, em sua tese de doutorado, o uso da inteligência artificial na administração tributária. Em sua avaliação, “a inteligência artificial, como a ChatGPT, não serve como sistema de busca, mas é uma ferramenta capaz de correlacionar assuntos de maneira muito interessante. Para mim, tem por propósito conectar ideias e melhorar a qualidade linguística dos nossos textos, tanto acadêmicos quanto no trabalho”, comentou.
Do ponto de vista do uso, o mestre em Direito, advogado e Procurador da Fazenda Nacional, Aldemario Araujo de Castro, ilustra com a comparação que fez a partir de uma pesquisa com os mesmos termos no Google e no ChatGPT. “O primeiro me trouxe o resultado com 103 mil opções, o que me levaria a ter que olhar cada link e avaliar o conteúdo. Já o ChatGPT trouxe um texto com quatro parágrafos”. Na avaliação dele, apesar da aparente praticidade, a inteligência artificial apresenta alguns problemas: não apresentar fontes, não ter a garantia de credibilidade sobre o conteúdo entregue.
Como uma iniciativa de cuidado com a segurança das informações a partir do uso da ferramenta, Aldemario comentou o que a revista conceituada Nature decidiu. “Eles criaram duas regras importantes: que nenhum texto pode ter como autor uma inteligência artificial e, segundo, que, caso seja usado, deve ser informado o mecanismo de uso”, explicou. Ele também pontuou o impacto no ambiente de trabalho, como as atividades que podem ser consideradas “intelectuais braçais” e as mulheres tendem ser as mais impactadas, por comumente estarem em ocupações com assessoria e secretariado.
Os participantes da live puderam se inscrever no sorteio do livro “Direito e Inteligência Artificial: O que os Algoritmos têm a Ensinar sobre Interpretação, Valores e Justiça”, de Hugo de Brito Machado Segundo. A ganhadora foi MAIANA ALVES PESSOA.
Assista a live completa: