A Associação Nacional dos Advogados Públicos Federais (ANAFE) apresentou nesta quinta-feira (26), os resultados da pesquisa de Diagnóstico dos Riscos Psicossociais relacionados ao Trabalho dos membros das carreiras da Advocacia Pública Federal. O evento foi transmitido ao vivo no canal TV ANAFE do YouTube.
A pesquisa foi realizada entre julho e dezembro de 2021 e teve por objetivo balizar uma política de atuação da Entidade sobre o tema. A iniciativa contou com a parceria da empresa Trabalhar-se, apurando e analisando os dados sobre os membros das carreiras da Advocacia Pública Federal.
Na análise do presidente da ANAFE, Lademir Rocha, o cuidado com a saúde psíquica dos advogados e advogadas públicos federais é um dos compromissos da Associação. “O cuidado não se resume a uma questão econômica, mas passa por essa dimensão existencial importante, crucial, fundamental que dialoga com várias questões da ANAFE, entre elas o projeto Jornada Exaustiva”, comentou.
Lademir também informou que os resultados apresentados no evento online foram compartilhados com a gestão da AGU e ao Advogado-Geral da União, Bruno Bianco. “Não é um mero diagnóstico, mas é também a indicação de um conjunto de ações com as quais nós estamos ética e politicamente comprometidos. Ações que visam resguardar a integridade, a saúde e, por que não dizer, a vida dos advogados e advogadas públicas federais”, concluiu.
O contexto pandêmico e de expectativa de efetividade dos membros das carreiras da Advocacia Pública Federal que justificaram a pesquisa foram apresentados pelo Diretor de Prerrogativas da Associação, Ricardo Barros. Ele ressaltou o propósito da ação apresentada no evento. “Esse é um assunto que preocupa a todos, a ANAFE tem trabalhado e acompanhado a partir de casos pontuais, grupos de colegas que se encontram em situações mais difíceis, e também quer discutir o assunto como uma política institucional, tentando contribuir dentro das suas limitações, com proposições, ideias e informações para que possamos alcançar soluções condizentes e necessárias para esse momento que vivemos”, argumentou.
Coube à psicóloga Thiele Muller, uma das responsáveis por conduzir a pesquisa por meio da empresa Trabalhar-se, apresentar os resultados obtidos. Ela resumiu em quatro pilares o diagnóstico dos riscos psicossociais relacionados ao trabalho: sobrecarga de trabalho, sensação de dívida, gestão do medo e sofrimento ético. A partir da análise de dados quantitativos e qualitativos da participação de 322 membros da Advocacia Pública Federal ativos e aposentados, associados ou não à ANAFE, foi possível identificar que a gestão de trabalho atual tem levado ao adoecimento dos profissionais que buscam meios para lidar com a situação.
“As situações de sobrecarga não são esporádicas, são constantes, o que provoca a sensação constante de dívida e de medo da punição por um possível processo administrativo por perda do prazo ou algum erro cometido. Ao mesmo tempo, os respondentes apontaram que a qualidade das entregas é afetada diretamente. O conjunto leva a sintomas muito presentes na pesquisa: insegurança, medo, vergonha e angústia”, explicou. O levantamento também identificou que cada servidor procura individualmente por soluções, mas volta para um ambiente de adoecimento, o que leva à reincidência. “Muitos relataram tomar medicamentos, fazer terapias ou procurar meios de não adoecer. Voltando para o mesmo ambiente adoecido não conseguirão reverter a situação e ficarão doentes novamente”, resumiu.