Nessa segunda-feira (19), a Associação Nacional dos Advogados Públicos Federais (ANAFE), por meio da Comissão da Mulher, apoiou a realização da palestra especial sobre liderança feminina e os desafios para carreiras jurídicas mais igualitárias com a especialista em mentoring, inteligência coletiva e liderança feminina, Gisèle Szczglak.
A palestra foi realizada na sede da OAB Nacional, em Brasília, e transmitida pelo canal oficial da Ordem no YouTube. Durante o evento, que teve a fala de Gisèle como ponto principal, foi feito o pré-lançamento do livro “Subversivas, a arte sutil de nunca fazer o que esperam de nós”. Ao longo de sua explanação, a professora trabalhou a noção de liderança antes de adentrar a perspectiva feminina propriamente dita. “A primeira coisa a compreender nessa noção de liderança e porque é tão difícil para as mulheres em suas carreiras. O ponto é que a liderança sempre foi associada a algo masculino. A liderança é associada aos grandes homens que fizeram a história”, disse ela.
“Algo que sempre me marcou, quer eu esteja na Europa, ou em qualquer outro continente, é que existe uma condição universal ligada às mulheres, e essa condição está ligada a uma desvalorização sociológica e cultural do feminino. Essa desvalorização encontra-se e é percebida nessas representações de liderança que temos. Portanto, torna-se difícil representar a liderança ao ser mulher porque sempre há uma confrontação a essas lideranças masculinas. A liderança nada tem a ver com isso. A liderança é um movimento, é uma dinâmica que parte do nosso interior e que se concretiza fora de nós. Então, a liderança não tem gênero”, afirmou Gisèle.
A professora afirmou que, ao abordar o conceito, é preciso separar liderança de líder. “As pessoas podem se perguntar por que faço cursos sobre liderança feminina se a liderança não tem gênero. Não faço esse tipo de curso. O que faço é formar mulheres em posição de liderança, pois quando somos mulheres que exercem posições de liderança, encontramos dificuldades específicas. Dificuldades que estão ligadas a essa construção cultural da liderança como algo masculino. Então, as mulheres em posição de liderança, quando querem construir suas carreiras, se confrontam com essas situações, uma vez que a liderança foi definida por homens e para homens. As mulheres que passam ao modo líder são vistas como uma curiosidade antropológica. A mulher líder é percebida como uma outsider”, declarou ela.
“Ainda enfrentamos muitas dificuldades para estimular mulheres a estarem em posições de liderança. Há a culpa, o peso dos trabalhos dentro de casa, a exigência interna e da família e tantas outras questões. A Gisele apresenta uma leitura necessária para mudarmos essa realidade”, destacou a Coordenadora da Comissão da Mulher da ANAFE, Herta Rani Teles.
O evento contou também com o apoio da Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos Federais (Anadef), da Associação Nacional dos Procuradores da República (Anpr), do Comitê de Diversidade e Inclusão da Associação Nacional dos Advogados da União (Anauni), do Tributos a Elas, do Instituto Empoderar, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz).