Na prática, o relator fez apenas um corte de R$ 243 milhões na proposta de reajuste enviada pelo governo em setembro passado. Pimentel explicou que o corte maior era inviável diante da necessidade de atender às leis já aprovadas e acordos firmados com o funcionalismo para o ajuste este ano. A medida ajuda a reduzir a insatisfação entre os servidores e dentro das três forças armadas. Os servidores já ameaçaram fazer greve caso não consigam os reajustes prometidos.
O corte de pessoal no Orçamento, porém, chegou a R$ 3,560 bilhões. A maior parte desse valor se refere aos reajustes salariais acordados em 2007 que vigorariam a partir deste ano, mas seriam retroativos ao início do ano passado. Esses aumentos previstos aos Três Poderes foram cancelados pois não existem fontes de recursos para bancá-los. Esses ajustes dependeriam da aprovação da CPMF para existirem. Segundo o relator são R$ 1,414 milhões do Tribunal de Contas da União (TCU), R$ 92,2 milhões do Judiciário, R$ 50,8 milhões do Ministério Público (MP) e R$ 2,064 bilhões do Executivo.
Outra parcela expressiva dos cortes em pessoal na proposta de Orçamento de 2008 foi a redução em 50% de todos os recursos para novas contratações, o que equivale a R$ 948 milhões. Os concursos porém estão mantidos, já que eles têm validade de dois anos. Com a decisão do relator, o governo poderá dar posse a funcionários no equivalente a metade do previsto no ano, ou seja, um ministério poderá fazer um concurso no primeiro semestre, mas só poderá empossar os aprovados a partir de julho.
O relator aumentou em R$ 140 milhões o corte nos Poderes Judiciário, Executivo e Legislativo, passando de R$ 12,26 bilhões para R$ 12,40 bilhões. No total, no Executivo, o corte será de R$ 11,52 bilhões. No Legislativo, o corte será de R$ 310 milhões. No Judiciário, o corte será de R$ 740 milhões. No Ministério Público, o corte será de R$ 70 milhões.
A Saúde vai receber R$ 48,42 bilhões este ano. Às emendas coletivas foram destinados R$ 10,55 bilhões e para as emendas individuais de parlamentares, R$ 4,75 bilhões. Pimentel manteve o valor do salário mínimo em R$ 412,40.
Para tapar o buraco deixado com a CPMF, além dos cortes das emendas e no enxugamento do Orçamento dos Três Poderes, Pimentel contabilizou R$ 10,45 bilhões que serão arrecadados com o aumento das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CLSS) anunciadas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, em janeiro e ainda R$ 2,82 bilhões no aumento do superávit primário das estatais.