Será lançado, nesta quinta-feira (19), a partir das 19h, no Circulares Quanto Café (CLN 103 – Bloco A – Brasília), o livro “A vida afinal: conversas difíceis demais para se ter em voz alta”. Escrita pela Advogada da União associada à ANAFE, Cynthia Pereira de Araújo, a obra foi escrita a partir de experiências profissionais e pessoais, e de um recorte de sua pesquisa de doutorado com pacientes com câncer metástico. A autora constrói uma reflexão sensível e contundente sobre o viver e o viver sob a perspectiva da morte.
Sinopse
“O livro que temos em mãos é uma peça fundamental para o entendimento de um assunto que poucos realmente procuram entender e que muitos sofrem por seu consequente desconhecimento. A autora aborda com clareza, sensibilidade, inteligência e coragem um tema difícil e fundamental para a sustentabilidade do sistema de saúde e o cuidado de pacientes com doenças graves a partir de pesquisa sobre pessoas com câncer avançado.”
Munir Murad Jr., oncologista e paliativista
“Foi com Cynthia que aprendi o significado da palavra cuidado paliativo: sentada no sofá de casa, lendo para minha mãe as palavras sempre didáticas dessa pesquisadora e escritora que comunica a partir do coração. Embora neste livro as verdades trazidas pela autora não sejam fáceis de ouvir, cada sentença chega com o cuidado que só existe em abraços afetuosos em momentos difíceis. Este livro é um exemplo de que direito à informação deve ser acessível a todas as pessoas, deve tocar sem gerar sensacionalismo, e deve trazer a verdade sem perder de vista as diferentes opiniões, medos e crenças. É possível ler em uma tarde, mas é preciso estar com a cabeça e mente abertos para o processo de finitude. Até o fim desta leitura, tenho certeza de que o direito a uma morte digna passará por você tanto quanto o desejo ao bem viver.”
Jéssica Moreira, escritora e jornalista
“Cynthia viu o problema de alimentarmos uma falsa esperança, de sermos enganados em relação a tratamentos e prognósticos. E é sobre essa questão, em grande parte cultural, que ela trata nesta obra. Vem de uma dificuldade em comunicar a perspectiva de morte com clareza e sinceridade, de expor prós e contras de cada tratamento, informar estatísticas e pesquisas científicas. Dar o remédio pode ser, muitas vezes, o caminho mais fácil. Mas não o melhor para o paciente.”
Camila Appel, jornalista, roteirista e fundadora do blog Morte sem Tabu
A partir de experiências profissionais e pessoais, e de um recorte de sua pesquisa de doutorado com pacientes com câncer metástico, Cynthia Araújo constrói uma reflexão sensível e contundente sobre o viver e o viver sob a perspectiva da morte. Como advogada da União, entre tantas atribuições, ela defendeu o Estado brasileiro em casos de fornecimento de medicamentos caros pelo SUS a pacientes com câncer. Centenas de processos e entrevistas com pacientes oncológicos depois, a autora levanta questões que interessam a cada um de nós, com câncer ou não, em A vida afinal.
Remédios que podem prolongar um pouco a vida de quem espera deles uma cura ou décadas inteiras pela frente – um abrir mão do presente com qualidade pela expectativa de um futuro que tantas vezes não vem. Escolheriam os mesmos tratamentos se soubessem o que realmente podem oferecer? Neste ensaio, o olhar da autora está voltado para as percepções sobre esse tempo a mais de vida de quem está próximo do fim e para a finitude que paira no ar de cada um. Sua escuta em depoimentos no Brasil e na Alemanha a conduzem pelo tortuoso caminho dos sentimentos, das emoções e das ações de quem não tem mais tanto tempo entre os seus afetos e sonhos.
Com muito cuidado, tanto com o leitor quanto com os pacientes e seu entorno, Cynthia propõe reflexões sobre dignidade no fim da vida, autonomia sobre os limites do próprio corpo e o impacto da esperança nas decisões, especialmente a partir da comunicação médica, em conversas difíceis demais para se ter em voz alta. Não foi sem coragem, a mesma que ela encontrou nas pessoas que entrevistou, que Cynthia Araújo escreveu o livro.
Sobre a autora
Cynthia Pereira de Araújo é advogada da União, membro da Advocacia-Geral da União desde 2009, e coordenou a atuação contenciosa na área de saúde de Minas Gerais (2014-2015). Mestre e doutora em Direito pela PUC-Minas, sua tese, Existe direito à esperança? Saúde no contexto do câncer e fim de vida, foi indicada pelo programa de pós-graduação da PUC-Minas ao prêmio Capes de Teses 2020. Em 2021, foi convidada para expor sua pesquisa no 9º Simpósio Internacional Oncoclínicas e Dana Farber Cancer Institute.
Nasceu em Petrópolis, no Rio de Janeiro, e mora em Belo Horizonte, em Minas Gerais, com o marido Daniel e a filha Beatriz, para quem compôs a música “Beatriz II”, lançada em 2022