Live gratuita foi promovida na sexta-feira (1º), pela Comissão da Mulher e apoio do Centro de Estudos da ANAFE.
Em um ano marcado por grandes desafios pessoais e profissionais, a pauta da diversidade ganhou maior visibilidade nas empresas, especialmente no que se refere às mulheres, que viram com a pandemia crescer o desequilíbrio na relação entre trabalho e família. Uma pesquisa realizada pelos jornais Valor, O Globo, e pelas revistas Época Negócios e Marie Claire, em parceria com a ONG WILL (Women in Leadership in Latin America) revelou que quase 70% das 162 companhias analisadas informaram ter uma liderança formal para a promoção de equidade de gênero.
Na pesquisa, 56% das empresas disseram monitorar o percurso de carreira de suas profissionais e 49% das companhias disseram ter um treinamento específico sobre vieses inconscientes, estereótipos e preconceitos de gênero no ambiente de trabalho para as pessoas responsáveis pela avaliação de desempenho.
Pensando em discutir o tema, a Comissão da Mulher da ANAFE, com o apoio do Centro de Estudos, realizou, na sexta-feira (1º), a live “Elas entre togas e tribunas. As carreiras jurídicas e a igualdade de gênero”. O evento transmitido pelo canal da TV ANAFE no YouTube contou com a presença da Presidente da OAB Alagoas, Fernanda Marinela Sousa Santos; da Vice-Presidente da 5ª região da AJUFE, Camila Monteiro Pullin; da Presidente da Comissão de Promoção da Igualdade e Paridade de Gênero da ANADEF, Letícia Rayane Dourado Pinto; da Diretora de Eventos Científicos da ANPM, Taísa Cintra Dosso; e da Vice-Presidente da ANAMATRA, Luciana Paula Conforti.
A conversa foi mediada pelas Integrantes da Comissão da Mulher da ANAFE, Susana Lucini, Alessandra Minadakis e Herta Rani Teles.
Na ocasião, as participantes discutiram os principais desafios enfrentados pelas mulheres para a sua participação nas carreiras jurídicas; como e quando começam as distinções em razão do gênero; alternativas e necessidades.
“A realização do evento foi motivada pela importância de discutir a assinatura entre homens e mulheres. Distribuímos, inclusive, um questionário que convidamos todas a responderem. Nossa intenção é que por meio dessas respostas possamos sentir como está a situação dentro da advocacia geral da União para trabalharmos juntas o crescimento de todas”, abriu o evento a mediadora e coordenadora da Comissão da Mulher da ANAFE, Herta Rani Teles.
“O mundo jurídico foi dominado historicamente pelo masculino. Hoje temos uma evolução da sociedade e enfrentamos grandes desafios para que a participação das mulheres da carreira jurídica não seja só numérica. Hoje a OAB é equivalente em registros de mulheres e homens. Precisamos que isso se transforme em igualdade material, que sejamos respeitadas quanto participantes ativas em toda a comunidade”, completou a também mediadora, Susana Lucini.
A presidente da OAB Alagoas, Fernanda Marinela Santos, começou seu discurso agradecendo à todas as mulheres pela luta que fez com que muitas estivessem onde estão hoje. “Essa caminhada é de construção. A constituição de 88, por exemplo, é um marco na nossa história porque coloca homens e mulheres na mesma página. Desde lá, muitas leis importantes como união estável, feminicídio, entre outras, foram instituídas no nosso país para que tivéssemos a efetivação do direito de igualdade, que é uma garantia institucional.”
Segundo ela, os direitos das mulheres são consolidados na lei. “O que precisamos fazer é com que esses direitos sejam consolidados no nosso dia a dia. Nós, mulheres advogadas, temos desafios próprios. Precisamos ocupar os espaços de poder não porque queremos dominar o mundo, mas porque precisamos pensar em políticas públicas e institucionais que atendam às necessidades das mulheres”, ponderou.
“Vivemos uma luta constante. Temos várias batalhas a serem travadas, junto a nossa categoria, no nosso espaço de trabalho, e no espaço social. A sociedade ainda atribui às mulheres uma série de papéis que os homens não possuem”, completou a mediadora Alessandra Minadakis.
Também presente no evento, a vice-presidente da 5ª região da AJUFE, Camila Monteiro Pullin, celebrou a união das mulheres em torno da equidade de gênero. Ela compartilhou com o público sua experiência na Comissão da AJUFE mulheres e como juíza federal. “Quando falamos da nossa trajetória profissional e associativa, como mulheres, ela é sempre permeada pela nossa caminhada privada. A luta pela representatividade feminina no poder judiciário e nas carreiras jurídicas é um imperativo de democratização do judiciário”, garantiu.
“O sexismo se apresenta de forma muito complexa e institucionalizada. Muito já se percorreu, mas ainda há um longo caminho”, apontou a presidente da Comissão de Promoção da Igualdade e Paridade de Gênero da ANADEF, Letícia Pinto. A especialista apresentou dois dos principais desafios das mulheres na Defensoria Pública: o acesso à progressão funcional e o acesso à participação na crítica institucional. “As mulheres ainda estão sub representadas e enfrentam dificuldades simplesmente por serem quem são. Registro aqui o importante trabalho de grupos que atuam pela igualdade de gênero.”
Quem também contribuiu para o debate foi a diretora de eventos científicos da ANPM, Taísa Cintra Dosso. “Apesar do avanço, a participação feminina dos espaços de poder ainda é tímida. Na Câmara dos Deputados, por exemplo, apenas 15% dos cargos são ocupados por mulheres.
Há motivos para comemorar, mas precisamos avançar mais. A busca pela equidade de gênero é um caminho sem volta e se insere num momento de percepção pela sociedade sobre a necessidade de uma composição institucional plural”, afirmou. Para ela, a forma de gerir problemas torna a mulher fundamental nas instituições. “Devemos trazer condição feminina e combater o machismo nas instituições de forma clara, onde o incomodo é debatido sem receio. É preciso sororidade, amizade, para que essa condição seja transformada.”
A vice-presidente da ANAMATRA, Luciana Paula Conforti, finalizou o evento agradecendo ao convite e compartilhando também suas experiências. “No fundo sabemos que um pouco do que foi falado por todas é vivenciado por todas nós. O tema é um debate considerado relevante não apenas para mulheres em nossas carreiras, mas para toda a sociedade”, disse. Em seu discurso, Luciana contou sobre a Comissão ANAMATRA Mulheres e seus objetivos na busca pela igualdade de gênero tanto no âmbito das associações, quanto no da justiça. “Para que se assegura espaços mais democráticos e plurais é necessária a verdadeira igualdade. A equivalência apenas numérica, nesse ponto, pouco pode produzir. Sabemos que se deve garantir como direito constitucional e humano a igualdade substancial, e não aquela meramente formal.”
Confira o evento na íntegra: