As crises econômica e sanitária, o isolamento social e o avanço tecnológico impulsionaram a ocorrência de crimes definidos como estelionato. Os dados mais recentes da Polícia Civil do Distrito Federal mostram que apenas no ano passado, houve um crescimento de 209% em relação aos crimes de estelionato. Há ainda dentro do escopo de vulnerabilidade uma população que foi severamente afetada durante a pandemia: os idosos. Há dados que indicam que os crimes contra idosos quintuplicaram no país.
Com o objetivo de informar associados e seus familiares, no sentido de facilitar a identificação desses delitos, sua prevenção e enfrentamento, a ANAFE promoveu, nessa terça-feira (6), a palestra on-line “Protocolos de segurança frente às novas modalidades de estelionato no cenário atual”. O evento contou com a participação das Delegadas de Polícia Vanessa Pitrez de Aguiar Corrêa, Diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, e Cristiane Machado, titular da Delegacia de Proteção ao Idoso de Porto Alegre.
Para a mediadora da live, Diretora de Assuntos Institucionais da ANAFE e ex-Delegada, Patrícia Rossato, a live possui um caráter informativo. “Desde que assumimos a gestão da ANAFE, são recorrentes as denúncias de golpes com pedidos de dinheiro, acesso a informações, entre outros. Esse tipo de situação está cada vez mais comum e a forma como a internet evoluiu acabou nos expondo a um leque de atividades criminosas. A informação é uma forma eficaz de evitar maiores danos tanto emocionais, quanto patrimoniais”, afirma.
A Delegada de Polícia Vanessa Pitrez comentou sobre algumas modalidades de estelionato comumente praticadas no Brasil, acirradas pelo avanço tecnológico no Brasil, como golpes do bilhete premiado; golpes de parente sequestrado ou com carro quebrado em viagens; clonagem de celular ou de perfis de internet; falso deposito de PIX; golpe do cartão de crédito clonado, entre tantos outros. “Orientamos que a pessoa tente se desvencilhar dessas situações e procurar a polícia. É importante manter a calma e ter a consciência de fornecer a menor quantidade de informações possíveis, ainda que desconfiando que seja verdade. Se a pessoa estiver muito nervosa, que permaneça ao telefone com o criminoso e peça o apoio de pessoas ao seu redor para confirmar a veracidade da história”, recomendou.
“Na delegacia do idoso, percebemos que a engenharia social é usada ainda mais do que a tecnologia, como o golpe do bilhete e o golpe do cartão clonado ou golpe no motoboy, como comentado pela Vanessa”, afirmou a Delegada de Polícia Cristiane Machado, titular da Delegacia de Proteção ao Idoso de Porto Alegre. A profissional contou sobre um golpe recente de uma quadrilha, que foi apreendida numa favela em São Paulo. “O banco não manda motoboy em casa, não entregue seu cartão! Ainda assim, houve uma evolução: os criminosos criam cartões virtuais e, a partir deles, fazem diversas movimentações”, comentou.
Na ocasião, Cristiane compartilhou com o público as principais modalidades de golpe direcionadas ao idoso. “O estelionato não envolve violência ou grave ameaça e, em pandemia, essa prisão se torna ainda mais difícil. Os idosos se sentem muito envergonhados pelos golpes que, às vezes, ficam subnotificados”, finaliza.
Confira o evento completo em:
GOLPES MAIS COMUNS
Fonte: Febraban
Conheça as fraudes mais cometidas por estelionatários
>> Falso funcionário do banco
Ação: o fraudador entra em contato passando por um funcionário do banco ou empresa com a qual a vítima tem um relacionamento ativo. O criminoso informa que há irregularidades na conta ou que dados cadastrados estão incorretos e solicita informações pessoais e financeiros da pessoa. Com os dados, o fraudador realiza transações em nome da vítima.
Como evitar: sempre verifique a origem das ligações e mensagens recebidas contendo solicitações de dados. Bancos nunca ligam para o cliente pedindo senha nem o número do cartão e jamais pedem para realizar uma transferência ou qualquer tipo de pagamento. Ao receber uma ligação suspeita, desligue, e, de outro aparelho, entre em contato com o seu banco para verificar o caso.
>> Phishing (pescaria digital)
Ação: o phishing, ou pescaria digital, é uma fraude eletrônica cometida por engenheiros sociais que visa obter dados pessoais do usuário. A forma mais comum de um ataque de phishing são mensagens e e-mails que induzem o usuário a clicar em links suspeitos. Também, existem páginas na internet que induzem a pessoa a revelar dados pessoais. Os casos mais comuns são e-mails recebidos de supostos bancos com mensagens que afirmam que: a conta do cliente está irregular, o cartão ultrapassou o limite, precisa revalidar seus pontos nos programas de fidelidade, atualizar token ou existe um novo software de segurança do banco que precisa ser instalado imediatamente pelo usuário.
Como evitar: sempre verifique se o endereço da página de internet é o correto. Para garantir, não clique em links: digite o endereço no navegador. Nunca acesse links ou anexos de e-mails suspeitos. Mantenha o sistema operacional e antivírus atualizados. Sempre prefira comprar em sites conhecidos e nunca use computadores públicos para adquirir algo no comércio virtual. Não repasse a outra pessoa nenhum código fornecido por SMS ou imagem de um QR Code enviado para autenticar alguma operação. Na dúvida, entre em contato com seu banco.
>> Falso motoboy
Ação: o golpe começa com uma ligação ao cliente, feita por alguém que se passa por funcionário do banco, em que ela diz que o cartão foi clonado, informando que é preciso bloqueá-lo. O golpista avisa à vítima que para isso ser feito basta cortá-lo ao meio e pedir um novo pelo atendimento eletrônico. O falso funcionário pede que a senha seja digitada no telefone e fala que, por segurança, um motoboy buscará o cartão para uma perícia. O que o cliente não sabe é que, com o cartão cortado ao meio, o chip permanece intacto e é possível realizar transações.
Como evitar: nenhum banco pede o cartão de volta ou envia qualquer pessoa para retirar o cartão na casa dos clientes. Então, desligue o telefone e ligue, de outro aparelho, para o banco, para verificar se realmente houve alguma irregularidade.
>>Falso leilão
Ação: o fraudador envia um link à vítima que simula um leilão. Para que possa ser dado um lance, a pessoa tem que preencher formulários com dados pessoais e financeiros ou depositar um valor na conta do criminoso. Com dados como senha, número do cartão e CPF, o fraudador consegue fazer transações em nome da vítima.
Como evitar: nunca deve enviar dados, senhas e acessos a ninguém. É necessário sempre verificar a origem dos links recebidos, antes de clicar neles. É importante verificar a veracidade do site de leilão e as avaliações de outros usuários.
>> Golpe do WhatsApp
Ação: os golpistas descobrem o número do celular e o nome da vítima. Com essas informações, eles cadastram o WhatsApp da pessoa nos aparelhos deles. Para concluir a operação, é preciso inserir o código de segurança que o aplicativo envia por SMS sempre que a conta é ativada em um novo dispositivo. Os fraudadores enviam uma mensagem pelo WhatsApp fingindo ser do Serviço de Atendimento ao Cliente de um site de vendas ou de uma empresa em que a vítima tem cadastro. Solicitam o código de segurança, que já foi enviado por SMS pelo aplicativo, afirmando se tratar de uma atualização, manutenção ou confirmação de cadastro. Com o código, os bandidos conseguem replicar a conta de WhatsApp em outro celular. A partir daí, eles enviam mensagens para os contatos da pessoa, fazendo-se passar por ela, pedindo dinheiro emprestado.
Como evitar: habilite, no WhatsApp, a opção “Verificação em duas etapas”. Dessa forma, é possível cadastrar uma senha que será solicitada periodicamente pelo aplicativo. Essa senha não deve ser enviada para outras pessoas ou digitadas em links recebidos.
>> Golpe do extravio do cartão
Ação: no trâmite de entrega do cartão até a vítima, os fraudadores furtam a correspondência. Depois, ligam para a vítima se passando por um funcionário do banco informando que houve problemas na entrega do cartão e, para solucionar o problema, solicitam à vítima a senha desse cartão. Com os dados, os criminosos realizam transações.
Como evitar: nunca envie dados, senhas e acessos a ninguém nem preencha formulários na internet com dados pessoais e financeiros sem verificar a origem. Caso o prazo de entrega do cartão se esgote, é preciso informar o gerente sobre o atraso.
>> Golpe do delivery
Ação: a pessoa faz um pedido via aplicativo. O entregador usa uma maquininha com o visor danificado ou que impossibilite a visualização do preço cobrado e coloca um valor acima do que deveria ser. Só depois, a vítima percebe que efetuou um pagamento elevado.
Como evitar: sempre cheque o preço cobrado no visor da maquininha e nunca aceite maquininhas nas quais os valores não estejam visíveis. De preferência, fazer o pagamento via aplicativo e não no momento da entrega.