Encontro reuniu representantes da Advocacia Pública Federal, pesquisadores e convidados para celebrar os 110 anos do pensador
A Associação Nacional dos Advogados Públicos Federais (ANAFE), por meio das Comissões de Diversidade e de AGU e Desenvolvimento, realizou nesta terça-feira (2) encontro especial em homenagem aos 110 anos de nascimento de Alberto Guerreiro Ramos (1915–1982). O evento, sediado na ANAFE, reuniu representantes das quatro carreiras da Advocacia Pública Federal, pesquisadores, parlamentares e convidados para celebrar o legado do intelectual e refletir sobre sua influência no serviço público contemporâneo.
Intelectual, sociólogo, militante e servidor público, Guerreiro Ramos permanece como referência central para compreender o Estado brasileiro, o desenvolvimento nacional e o papel ético da administração. Com esse espírito, a ANAFE promoveu um debate plural, marcado por memória, crítica e compromisso institucional.
A abertura foi conduzida pela Diretora de Assuntos Institucionais da ANAFE, Renata Azevedo, que destacou a importância do momento: “É uma alegria receber pessoas em um espaço dedicado ao fortalecimento das carreiras e ao debate democrático. Nosso encontro é de celebração e memória, mas, principalmente, de reflexão crítica sobre o papel que exercemos.”
MESA 1 – GUERREIRO RAMOS: POLÍTICO E MILITANTE PELO DESENVOLVIMENTO NACIONAL
A primeira mesa evidenciou a dimensão política e transformadora do pensamento de Guerreiro Ramos.
A Coordenadora da Comissão de Diversidade da ANAFE, Fernanda Marques, afirmou que revisitar o legado do autor é revisitar a essência do serviço público brasileiro:
“Reunimo-nos não apenas para revisitar sua obra, mas para atualizar seu legado em um momento em que o serviço público precisa reafirmar sua vocação ética e democrática. Para Guerreiro Ramos, a administração é instrumento de transformação social.”
A Assessora Especial de Diversidade e Inclusão da AGU e associada à ANAFE, Cláudia Trindade, enfatizou a dimensão política e não neutra da administração pública:
“As políticas de diversidade não existem no abstrato. Esse é o ensinamento de Guerreiro Ramos: não há administração neutra. As ações afirmativas adotadas pelo Estado não são concessões, mas correções históricas.”
A Deputada Federal Gisela Simona (União/MT) ressaltou os desafios da representatividade nas instituições democráticas: “Para sermos um país inclusivo, precisamos falar de representatividade. Bancadas feminina e negra são essenciais para levar pautas estruturantes ao plenário. O enfrentamento ao racismo estrutural faz parte desse processo.”
O Adjunto do Advogado-Geral da União, Júnior Fideles, parabenizou a ANAFE pela iniciativa: “Celebrar Guerreiro Ramos é celebrar uma AGU engajada, que participa da reconstrução das políticas públicas e assume seu papel transformador.”
MESA 2 – PENSAMENTO INSTITUCIONAL E CONSCIÊNCIA NACIONAL
A segunda mesa destacou a dimensão teórica e institucional do pensador. O Coordenador da Comissão de AGU e Desenvolvimento da ANAFE, João Paulo Santos, relacionou o legado do autor à identidade da carreira: “A AGU é desenvolvimento. Revisitar Guerreiro Ramos é revisitar nossas bases. Ele projetou um país fundamentado em consciência nacional e responsabilidade pública.”
O pesquisador da Universidade Federal Fluminense, Carlos Sávio, abordou a atualidade das ideias do autor diante dos desafios institucionais: “Suas ideias ajudam a pensar alternativas aos impasses contemporâneos. Aplicadas ao Direito, apontam para a reinvenção das formas de enfrentar a exclusão e fortalecer modelos democráticos.”
O advogado, professor e historiador Tiago Freitas reforçou a centralidade da questão racial no pensamento do autor: “Guerreiro Ramos dizia que o Brasil é um dos melhores lugares do mundo para o diálogo interracial. Mesmo assim, o racismo continua sendo nosso maior problema, mesmo para quem não é vítima direta dele.”
ENCERRAMENTO: IDENTIDADE INSTITUCIONAL E LEGADO
Encerrando o encontro, o Presidente da ANAFE, Vitor Chaves, ressaltou o caráter visionário do autor e sua contribuição para a Advocacia Pública Federal: “Os versos trazidos hoje nos ajudam a compreender a importância de Guerreiro Ramos. Ao valorizar figuras como ele, construímos nossa identidade institucional. Sua dialética é fundamental para a Advocacia Pública, porque não há solução jurídica sem compreender a estrutura social que a sustenta.”











